domingo, 29 de julho de 2012

Valente

Direção: Marc Andrews e Brenda Chapman
Elenco: Kelly Macdonald, Julie Walters, Billy Connolly, Emma Thompson, Kevin McKidd, Craig Ferguson

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Yo! How's it going?

Hora de cinema aqui no blog Streampunk. Por mais que quisesse estar mostrando a vocês um texto sobre "O Cavaleiro das Trevas Ressurge", forças maiores tornaram mais viável para mim assistir à nova animação da Disney/Pixar do que o último capítulo da grandiosa saga do homem-morcego nas telonas. Como fã de carteirinha das produções Pixar, não posso reclamar disso. No entanto, deixo registrado aqui que assim que puder ver Batman, farei um post dedicado ao filme aqui no blog.

Plano de fundo: Merida (Kelly Macdonald) não é uma princesa comum. Desde sua infância, a rebelde ruiva de sardas no rosto tem preferido a companhia de seu arco e flecha, presentes de aniversário de seu pai, Fergus (Billy Connolly), à lições rigorosas de etiqueta dadas por sua mãe, a rainha Elinor (Emma Thompson). É claro que isso não agrada em nada a rainha, que tenta dar a sua filha tudo que ela mesma sempre quis e, mesmo assim, é rejeitada consecutivamente.

As coisas pioram para Merida quando três clãs aliados ao seu aparecem em seu reino, fruto de um convite de sua mãe para determinar o futuro marido de Merida. Não é preciso dizer que a princesa detesta a ideia, e em meio a uma forte discussão com sua mãe, foge para a floresta que rodeia o reino. Lá, a jovem é guiada por espíritos de luz que a levam até a presença de uma velha estranha que, oferecida um item valioso, torna possível à Merida mudar sua mãe e assim tomar conta de seu destino. O plano, porém, não dá nada certo, e agora cabe a Merida e Elinor procurar uma maneira de reverter o vil feitiço antes que ele se torne permanente.

Papum: "Valente" está longe de ser um dos trabalhos mais originais da junção Disney/Pixar, mas nem por isso merece ser desconsiderado.

O primeiro ponto da animação que merece ser exaltado é o cuidado meticuloso do estúdio em adequar perfeitamente suas personagens ao cenário onde estão inseridas. Se é na Escócia que nos encontramos, nada melhor do que escalar Kelly Macdonald e Billy Connolly, dois atores legitimamente escoceses, para fazerem os papéis principais da obra e dar o devido sotaque e ritmo de fala a suas personagens. À rainha coube Emma Thompson, grande atriz inglesa cujo talento também consegue trazer a essência escocesa ao papel. Além disso, a trilha sonora de Patrick Doyle conta com deliciosas músicas que remetem às culturas gaulesas e celtas para ambientar o filme, que ainda faz uso desde vestimentas tradicionais como as kilts (saias masculinas) a elementos típicos da culinária escocesa, como o prato Haggis, feito com fígado, coração e pulmão de ovelha.

Em termos gráficos e técnicos, pouco pode ser dito de "Valente". Reescrevendo completamente seu sistema de animação após 25 anos, a Pixar consegue elevar consideravelmente o patamar das animações em seu novo filme. Dos cenários bucólicos das Terras Altas escocesas ao rebelde e perfeitamente texturizado cabelo de Merida (que serve até de metáfora para contrastar sua personalidade desordenada com a impecável figura de sua mãe), "Valente" é um banquete visual e sonoro que representa o que há de melhor no mercado. As expressões faciais e trejeitos singulares de Merida são incrivelmente reais, o que deveria contar muito para imortalizá-la no hall das princesas Disney por anos a vir. Mas sabemos que não é assim, já que não é do feitio do público norte-americano abraçar personagens tão genuinamente estrangeiras e tampouco investir nelas com muito afinco. Ponto para a coragem da Pixar em relação a isso, que já teve em um robô mudo e um velho ranzinza dois de seus protagonistas.

Se o roteiro tem seus clichés (como o pai machão estar sempre do lado da filha ou a presença de um feitiço que dá errado) e a problemática mãe-filha não é exatamente nova no mundo do cinema, imagino que a tentação de inserir um novo príncipe à história deva ter sido grande. A Pixar é propriedade Disney agora, então nada melhor do que aumentar seu potencial mercadológico, não é? Pois digo que não, e ressalto a coragem do estúdio ao não fazer isso. "Valente" é uma história feminina de conquista, amadurecimento e principalmente família, e a presença de um príncipe quebraria totalmente o crescimento de sua protagonista, que não pertence ao paradigma de princesas indefesas que cantam com passarinhos. A Pixar não cede à pressão popular e não sabota o próprio filme, o que deve sim ser visto com bons olhos. Talvez o título do filme não sirva só para descrever Merida, mas sim o estúdio em si, que faz mais uma aposta incomum dentro de um contexto que não é exatamente original.

Por fim, não posso deixar de falar do curta "La Luna", que precede "Valente". Mais uma vez a Pixar faz um trabalho docemente artístico que emociona e toca com sua beleza e simplicidade na busca de seu protagonista em encontrar sua própria identidade (referência óbvia ao filme que o curta precede).

'Nuff said. Deixem seus comentários e até a próxima!

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In a nutshell:

- Valente -
Thumbs Up: perfeita ambientalização da história; progresso gráfico visível e marcante; piadas adultas e referências à cultura escocesa que servem a todos os públicos; protagonista bem definida; cenários lindos e incrivelmente reais; quebra do paradigma de princesas indefesas;
Thumbs Down: conflito central sem muita originalidade; cenas com cortes rápidos típicas de animações mais atuais, vomitando imagens, caretas e gritaria para prender o cada vez mais impaciente público mais novo;  
   

sexta-feira, 27 de julho de 2012

The Man in the High Castle


Autor: Phillip K. Dick
Ano de publicação: 1962

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Yo! How’s it going?

Muito bem, acabo de ser nocauteado.

Terminar a leitura de uma obra como “The Man in the High Castle” é um golpe sem misericórdia, um soco na mente e nos sentidos capaz de transportar qualquer leitor a um êxtase literário que só ficção de qualidade pode proporcionar. E como pode.

Sou fã incondicional das obras de Phillip K. Dick há algum tempo. Hell, ele é meu autor favorito. No entanto, acho que nem os excelentes “Ubik” ou “Do Androids Dream of Electric Sheep?” conseguem superar esta obra escrita ainda antes deles, um curto e impactante livro capaz de desmontar uma realidade inteira para depois reconstruí-la em apenas 3 páginas; uma obra tão completa que suspense, coesão, filosofia e personalidade se misturam em um pastiche perfeito. Sim, refiro-me a “The Man in the High Castle”.

Plano de fundo: Estamos no início da década de 60. O mundo, porém, não é como o conhecemos. O Eixo saiu vencedor da guerra há 15 anos terminada.

“The Man in the High Castle” segue a história de diversos protagonistas em um mundo dominado pelo Reich alemão nazista e o império japonês, lados vitoriosos da Segunda Guerra Mundial. O Reich tem controle da Europa e da África e é o dono de uma corrida espacial completamente unilateral, sem limites de expansão. Já ao império japonês cabe o subordinado continente americano, em especial os Estados Pacíficos da América, onde a história toda se passa.

Quando é anunciada a morte do führer Bormann (Hitler há anos é tido como mentalmente incapacitado), tem início uma disputa de poder entre os nazistas para saber quem será seu sucessor e o novo Reichskanzler (chanceler) do Partido. O conflito tem reflexos profundos no mundo inteiro, é claro,  já que o homem detentor do cargo será indubitavelmente um dos homens mais poderosos do mundo. Em meio a isso, então, surgem tramas sombrias que podem desencadear mais uma sangrenta colisão de forças e resultar em uma nova guerra, desta vez justamente entre as duas facções que dividem o mundo. Os dados são lançados e cada personagem tem sua participação  nessa rede de acontecimentos, todos entrelaçados por um livro proibido em todo o território do Reich: “The Grasshopper Lies Heavy”, um romance que descreve um mundo onde os Aliados saíram vencedores da Segunda Guerra Mundial. Um romance que descreve justamente o nosso mundo.

Papum: Phillip K. Dick é um dos poucos autores que julgo incriticáveis. Seus incríveis trabalhos superam o desafio do tempo e se estabelecem como verdadeiras obras-primas da ficção científica de geração em geração, mantendo-se atuais em qualquer tempo. Sua escrita é forte, seu apelo inteligente, suas tramas desafiadoras. Um leitor que se preza precisa disso.

Como o próprio autor descreve durante o livro, e tomo a liberdade de traduzir a passagem aqui (já que li a obra original em inglês), “a ficção apela para as luxúrias básicas que se escondem em todos, independentemente do quão respeitáveis essas pessoas são por fora. Sim, um romancista conhece a humanidade, o quão sem valor ela é, dominada por testículos, movida por covardia, vendendo qualquer causa por conta de sua ganância – tudo que ele tem que fazer é bater no tambor e então há resposta. E ele ri, é claro, por trás de sua mão, do efeito que conseguiu.” Pois é, Dick não podia estar mais correto.

“The Man in the High Castle” é um livro que aborda inúmeros temas com força ímpar e olhar peculiar. O cenário de subserviência do mundo perante as forças alemãs e japonesas talvez seja o mais explícito, mas não o mais importante. A tensão social provocada pela sensação de superioridade cultural entre japoneses e norte-americanos, por exemplo, é palpável durante toda a obra, atingindo picos de reflexão nacionalista que comovem os mais patriotas (ou mesmo nós, que nada temos a ver com a história) e mexem com um profundo senso de orgulho. Dominante e dominado travam não só batalhas verbais como verdadeiramente mentais, frutos de diálogos e descrições pesadas de Dick que dão força e relevância ao problema, muito mais intrínseco do que o imaginado.

Somado a isso, é óbvio que temos a presença de religião. Phillip K. Dick, no entanto, não tem o feitio de usar bases normais. Aqui, ele utiliza os versos do I Ching como o grande livro, as palavras salvadoras ou, mais precisamente neste caso, a Grande Providência: a força milenar chinesa capaz de prever o sucesso ou insucesso, a única e verdadeira fonte de revelação. A maior parte das personagens da obra carrega uma grande dependência perante os versos do I Ching, visão propositalmente inserida ao contexto mundial criado por Dick com muita eficácia. Afinal de contas, após a vitória do Eixo, a consagração ariana e a expansão oriental, é natural que inúmeras religiões tenham deixado de existir. A Bíblia, então, é substituída.

Outra discussão que o livro sugere, que também está presente em “Do Androids Dream of Electric Sheep?”, é o valor atribuído àquilo que é original ou copiado. Aqui, um elemento os diferencia: a historicidade; a absorção de Yin e Yang do objeto, a energia nele contida, o wu que por ele flui, as vidas que por ele passaram. Uma bela análise, sem dúvidas, mas altamente subjetiva e sem valor prático. Em um mundo sem sensibilidade, do que vale isso? No final das contas, uma cópia bem feita pode sim ser confundida com sua original, desconstruindo toda uma linha de raciocínio profunda e singular. Phillip K. Dick brinca com isso e nos apresenta os dois lados de uma moeda que não pode ser ao certo determinada. 

Por fim, para não me estender muito, ressalto o uso da ficção dentro da ficção. O livro “The Grasshopper Lies Heavy” é um dos elementos que move a trama, e é interessante observar seu impacto no mundo onde está inserido, quase diretamente proporcional ao impacto que “The Man in the High Castle” teve em nosso mundo. O escritor da obra fictícia, Hawthorne Abendsen, é o “Homem no Castelo Alto”, e sua mítica presença dentro de sua imaginária fortaleza a todos altera. É na grande revelação do I Ching sobre "Grasshopper", por exemplo, que o livro tem seu clímax, impossível de ser melhor apropriado, mas de difícil assimilação para leitores casuais. Sim, há construção e desconstrução, um jogo de mundos sutil e perverso que vale a pena ser descoberto e entendido com calma. E como vale.

‘Nuff said, now. Continuem ligados e não se esqueçam de seguir meu blog, ok?

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In a nutshell:

- The Man in the High Castle –
Thumbs Up: escrita potente e desafiadora; ideias e criatividade verdadeiramente únicas; vasta relevância cultural e conteúdo político-informativo; incrível desenvolvimento de personagens; bagagem histórica factual aliada à ficção; clímax poderosíssimo;
Thumbs Down: --- 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

The Sandman Vol. 5 - A Game of You


Autor: Neil Gaiman
Artistas: Shawn McManus, Colleen Doran

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Yo! How’s it going?

Assim como o que aconteceu com “Gotham Central”, venho falar de uma série de quadrinhos já concluída a partir do último volume de sua saga ao qual tive acesso. Desta vez, porém, refiro-me ao quinto volume encadernado da série “The Sandman”, escrita por Neil Gaiman.

Para aqueles que não a conhecem, “The Sandman” é um dos maiores e mais reconhecidos trabalhos do meio artístico das histórias em quadrinhos. Complexo e lúgubre, delirante e palpável, o surrealismo da saga brinca com os sentidos e hipnotiza com suas ideias, muito mais profundas do que eu ou a maioria das pessoas possa julgar. Afinal de contas, tudo se passa em torno do Rei dos Sonhos: sim, Morpheus, um dos deuses mais antigos e poderosos do mundo da ficção. A ele também cabe a alcunha de “Sandman”, termo anglo-saxão designado ao deus dos sonhos graças ao objeto por ele utilizado para embalar nosso sono: um pequeno saco de areia.
 

Plano de fundo
: “A Game of You” retoma uma personagem conhecida dos leitores de "The Sandman"; ela é Barbie, a mesma mulher infantil e inocente presente na segunda série da coleção, o arco “The Doll's House”. Aqui, no entanto, ela não conta com a presença de seu ex-namorado Ken (sim, é tudo proposital) e habita um edifício em Nova York repleto de figuras estranhas: Wanda, um transexual cujo nome original é Alvin; Hazel e Foxglove, um casal de lésbicas; e Thessaly, estranha mulher de passado misterioso e envolvimento contínuo com bruxaria.

A história tem início quando é anunciado que Cucko está atrás de Barbie. Desconhecido fisicamente por todos, Cucko é uma criatura que habita uma terra de sonhos criada há longas eras, e a qual Barbie, em sua infância, povoara com seres de sua imaginação. Insatisfeito com o prospecto de permanecer na mesma terra por toda a eternidade, Cucko usa George, outro morador do edifício de Barbie, para levá-la ao mundo de sonhos novamente e então dominá-la e estender sua presença ao nosso mundo. O que Cucko não prevê é que uma das habitantes do prédio, Thessaly, busca a criatura implacavelmente, e consegue fazer com que os moradores do prédio despertem antes de caírem no abismo dos sonhos por ele provocados. Para Barbie, porém, já é tarde, e agora ela vaga em seu mundo para encontrar Cucko e achar um meio de voltar para casa. Enquanto isso, no mundo real, cabe a Wanda zelar pelo corpo adormecido de sua amiga em meio a uma Nova York assolada por mudanças climáticas e tempestades violentas, fruto do tabu quebrado pelo ritual lunar de Thessaly para transportar a bruxa, Hazel e Foxglove para o mundo dos sonhos.

Papum: Há muito mais em cada volume de “The Sandman” do que meu intelecto me possibilita analisar. O que posso dizer sobre “A Game of You”, no entanto, é que apesar de o volume abordar uma história que flerta entre o mundo real e o da fantasia, talvez sejam dois mundos de fantasia que estejam descritos no final das contas. Afinal, conversar com os mortos ou fazer rituais lunares femininos não é do feitio de um padrão chamado realidade.

As cenas em Nova York mostram ambientes sujos, repletos de preconceito e um certo ar de irrelevância. Já no mundo dos sonhos, há mais cores e vida, e a impressionante arte de Shawn McManus (responsável por 5 dos seis capítulos do encadernado) consegue passar tal sentimento com muita vivacidade. A presença diminuta de Morpheus, porém, talvez seja o ponto fraco deste volume. A intrigante e misteriosa figura do deus dos sonhos tem aqui sua mais curta participação dentro de um arco de “The Sandman”, limitando-se ao começo e fim da narrativa.

Nomes também ganham muita relevância aqui. Do sugestivo Barbie/Barbara ao conflito Wanda/Alvin, o nome enquanto identidade ganha um olhar diferenciado sob a óptica de Gaiman, sendo um reflexo de suas personagens, e não o contrário. Referências a “Alice no País das Maravilhas” e “Mágico de Oz” também enriquecem a narrativa, que torna-se uma verdadeira jornada dentro de um dos inúmeros mundos que todos nós mantemos inconscientemente. 
 
O grande ponto da história, apesar de tudo, talvez esteja em seu título. “A Game of You”, ao invés de “A Game of Me” ou “A Game of I”, ilustra a necessidade ou até dependência das personagens (e por que não nossa?) de ajuda em suas jornadas. Na história, Barbie depende de Wanda tanto quanto Wanda depende de Barbie, e essa co-dependência é justamente o fator capaz de mover o tear de tramas tanto da história quanto da vida.

Agora ‘Nuff said. Se você já leu “The Sandman” e gostaria de dar sua opinião ou simplesmente criticar a minha, sinta-se a vontade para deixar seu comentário!

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In a nutshell:

- The Sandman Vol. 5 - A Game of You –
Thumbs Up: camadas de interpretação que fazem uma releitura valer a pena; ótima arte que mescla uma distorção de traços reais com ambientes e situações surreais; trama original que mantem-se fiel ao seu espírito até o fim; preconceito e ignorância explícitos, mas tornados irrelevantes no grande esquema das coisas; contraste de cores que valorizam seus devidos mundos; personagens pouco relacionáveis, mas intrigantes e complexas;
Thumbs Down: talvez a ausência de Morpheus por boa parte do arco;  

domingo, 22 de julho de 2012

A Crack in the Line


Autor: Michael Lawrence
Ano de publicação: 2003

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Yo! How’s it going?

Foi realmente um golpe de sorte descobrir o primeiro volume da trilogia de livros infanto-juvenis Withern Rise/Aldous Lexicon, escrita pelo autor inglês Michael Lawrence. 

Contando com uma baixa tiragem no exterior e quase nenhum interesse da mídia em divulgá-la, "A Crack in the Line" chegou ao meu alcance quando procurava alguma nova saga infanto-juvenil para ler, mas uma saga que não fosse incendiada por modismo ou que faltasse criatividade, como a maioria em amostra em qualquer livraria por aqui. O resultado foi satisfatório, e venho aqui escrever sobre essa incomum experiência literária para nós brasileiros. 

Plano de fundo: Alaric e Naia Underwood são dois adolescentes de 17 anos que têm muito em comum: toda uma vida, para ser perfeitamente preciso. 

Habitando duas realidades paralelas, os dois são a mesma pessoa, o unigênito de Ivan e Alex Underwood. O que os difere, porém, é um momento no tempo, uma rachadura na linha, como o título do livro sugere: enquanto Alaric perdeu sua mãe em um trágico acidente de trem há dois anos, a mãe de Naia sobreviveu ao mesmo acidente e ainda vive com sua família. Mas é claro que um não sabe da existência do outro. Ou melhor, não até agora.

Segurando a perfeita miniatura feita por Alex Underwood de Withern Rise (a grande casa colonial de Alaric e sua família), o garoto é tomado por um incrível sentimento de perda e saudades de sua mãe; um sentimento capaz de romper dimensões e levá-lo a uma realidade onde Alex Underwood sobrevivera ao acidente e ainda vive. O problema é um só: essa Alex já tem um filho. Ou melhor, uma filha, e ela se chama Naia Underwood.

Surpresos por descobrir a existência um do outro, Naia e Alaric lutam para entender e assimilar a situação extraordinária da qual fazem parte, logo criando diversas teorias e paralelos sobre o que vivenciaram, as realidade de onde vêm ou o momento no tempo responsável pela divisão daquelas duas realidades. Isto é, se realmente só existem duas realidades no final das contas. E se eles são os únicos que conseguem viajar de uma a outra, será que há um preço exigido por tamanho dom?

Papum: "A Crack in the Line" é sem dúvida uma leitura curiosa, rápida e tocante. Dirigido por uma escrita emocional que preza o amadurecimento de suas personagens ao invés de ação desenfreada, o romance alterna constantemente entre os pontos de vista de seus protagonistas Alaric e Naia em suas versões de Withern Rise, abordando frequentemente um debate semi-quântico de linhas temporais simultâneas geradas a partir de escolhas, acontecimentos ou, neste caso em específico, tragédias.

O sentimento de perda de Alaric é intenso durante todo o livro, o que o torna uma personagem taciturna e sofrível se comparada com a disposta e sociável Naia, resultando em um bom balanceamento de emoções. Afinal de contas, Alaric perdeu sua mãe, enquanto Naia ainda a tem, o que certamente deveria diferir o comportamento das duas personagens, como de fato faz. No entanto, é nas ramificações da realidade que o livro realmente brilha e se sobressai perante a mesmice e até mediocridade que tem tomado conta do gênero infanto-juvenil desde o término da saga de Harry Potter (salvo algumas exceções, é claro). A falta de um clímax melhor trabalhado, porém, impede “A Crack in the Line” de realmente estourar: enquanto sua história se desenrola, o romance simplesmente... termina. Se por um lado Michale Lawrence quis restringir sua pseudo-ficção científica a um lar e uma família, o escopo de sua premissa é grande demais para parar ali, o que é certamente capaz de frustar alguns leitores.

Como interessante plano de fundo para “A Crack in the Line” temos ainda a ótima descrição da mansão Withern Rise, um dos pontos mais altos do livro; a casa é justamente onde cresceu o autor do romance, o que indubitavelmente o possibilitou de carregar suas descrições com leveza e carinho mais do que sinceros e sentidos pelo leitor.

No geral, então, “A Crack in the Line” é uma leitura sugerida a todos aqueles que gostam do gênero e tentam fugir da obviedade. Infelizmente, contudo, o livro não foi e tampouco deve ser traduzido para o português, obrigando os interessados a correrem atrás de uma versão importada da obra. Do mais, apesar de ser injusto de minha parte colocar isto, posso dizer que Michael Lawrence contribuiu bastante em minha vida literária não só com seu livro, mas com um curioso fato escrito nas considerações finais de seu romance: a de que um de seus livros favoritos é “A Fundação”, do renomado Isaac Asimov.

Não quero me estender nesse assunto porque esta postagem aborda outro tema, mas sou eternamente grato a Michael Lawrence por me incentivar a ler o primeiro volume da saga de Asimov tão prontamente. Se você ainda não a conhece, fique tranquilo: logo postarei algo sobre seu primeiro volume, cuja leitura encerrei há dois meses, mas cujas ideias continuam a ser digeridas em minha mente até agora.

Agora 'nuff said. Até a próxima!

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In a nutshell:

- A Crack in the Line –
Thumbs Up: narrativa emotiva e emocionante; apelo para todos os públicos; audácia em não se explicar de forma definitiva, deixando por conta do leitor boa parte de sua interpretação; cenários fáceis de serem imaginados, perfeitamente adaptáveis para um longa ou, melhor ainda, para uma série de televisão;
Thumbs Down: carga de sofrimento às vezes excessiva; falta de uma preparação para o clímax da história; ausência de personagens dignos de subtramas próprias;


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Pulp Fiction - Tempos de Violência

Direção: Quentin Tarantino
Elenco: John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Tim Roth, Bruce Willis, Harvey Keitel, Amanda Plummer, Ving Rhames

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Yo! How’s it going?

Sim, eu já sei. É uma vergonha alguém como eu, que diz gostar tanto de cinema, assistir Pulp Fiction somente agora, com meus 26 anos de idade. Em minha defesa, porém, consta o fato de, por algum motivo que ainda não compreendo, não ter gostado de Kill Bill e injustamente generalizado e diminuído os demais trabalhos de Tarantino a partir dali. Coube então a Bastardos Inglórios abrir minha mente e coração ao cineasta, e agradeço aos céus por isso ter acontecido. Afinal de contas, Pulp Fiction é bom demais.

Plano de fundo: Marsellus Wallace (Ving Rhames) é um poderoso gângster que, como todo bom chefão, tem total controle sobre seus negócios, capangas e mulher. Primeiramente, no entanto, sua presença é mais um elemento mítico do que físico, já que a história de Pulp Fiction é narrada a partir de personagens cujas histórias todas têm, de pequeno a alto grau, uma conexão com Marsellus (tudo ao melhor estilo Tarantino, é claro). Os protagonistas dessas subtramas, divididas em verdadeiros capítulos, são o icônico Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) e seu esquentado parceiro Vincent Vega (John Travolta), ambos capangas de Marsellus; Mia Wallace (Uma Thurman), esposa de Marsellus; Butch Coolidge (Bruce Willis), pugilista que faz um acordo de entrega de uma luta a, vejam bem, Marsellus; e Pumpkin (Tim Roth) e Honey Bunny (Amanda Plummer), dois assaltantes medíocres presentes no lugar errado e na hora errada, cujas presenças abrem e encerram o filme.

Em seu episódio inicial, batizado informalmente de prólogo, Pulp Fiction nos apresenta as personagens das subtramas a serem narradas em cenas diferentes. Na primeira, conhecemos Pumpkin e Honey Bunny enquanto o casal discute os prospectos de suas vidas e carreira no mundo do crime. Somos então apresentados a Jules e Vincent enquanto a dupla tem de resolver um assunto nada agradável com um ingrato “parceiro” de seu chefe: a entrega de uma maleta cujo conteúdo é inestimável ao grande Marsellus. Por fim, vemos a concretização do pacto de Butch com Marsellus pela entrega de uma luta. Daí pra frente, histórias específicas e não-lineares deslumbram o espectador com interesse singular e brutalidade repleta de cinismo.

O primeiro capítulo, intitulado "Vincent Vega e a esposa de Marsellus", narra a noite em que Vincent é incumbido por Marsellus a tomar conta de Mia, esposa do gângster viciada e alienada. O segundo capítulo, "O Relógio Dourado", descreve o passado do pugilista Butch e  sua saga para tentar escapar das garras de Marsellus após a quebra do trato feito pelos dois, deixando um rastro de sangue, mortes e violência pelo caminho. Já no terceiro capítulo, "A Situação Bonnie", situado cronologicamente depois da introdução de Vincent e Jules no prólogo e antes da cena de abertura, os dois capangas de Marsellus têm um problema a resolver quando pedem a ajuda de Jimmie (interpretado pelo próprio Tarantino) para livrar o próprio carro de evidências de um homicídio realizado depois de os dois terem conseguido a pasta de Marsellus de volta. O problema é que a esposa de Jimmie, Bonnie, não pode saber sobre a situação de modo algum, o que requer que um profissional ajude os atrapalhados e falastrões capangas a sair da delicada situação onde se encontram.
      
Por fim, o epílogo remete à cena inicial e, apesar de não ser cronologicamente a última trama do filme, encerra a película num tom divertido ao resolver seu conflito.

Papum: A relevância cultural e o legado de Pulp Fiction são inquestionáveis; de frases como “I dare you, I double dare you motherf*%$” ou “mi casa es su casa” a citações bíblicas ou toda uma mudança no cenário cinematográfico dos anos 90 (que passaram a observar com mais importância pequenos nichos do mercado, ressuscitaram o estilo noir e ainda viram todo o potencial do cinema independente), o filme, como alguns críticos sempre denotam, “alterou o jogo”. Em tempos onde mesmice e previsibilidade tomavam conta das telonas (alguma semelhança com os dias de hoje?), Pulp Fiction, em toda sua brutalidade e até mesmo banalidade, estabeleceu um novo patamar de entretenimento, uma pequena revolução contra a chatice narrativa instalada em Hollywood. Assim sendo, uma verdadeira horda de filmes nos mesmos moldes foi lançada nos anos seguintes, seguindo a fórmula não-linear do enredo de Tarantino e a ambientação noir da película.

Em termos de roteiro, escrito pelo próprio Tarantino e Roger Avary, pouco posso falar de Pulp Fiction. Repleta de reviravoltas, a trama é sem dúvida bem estruturada, apoiando-se na trivialidade de alguns diálogos durante a construção de cenas para ampliar o suspense e brincar com a expectativa do espectador, entregando o prometido (e até algo a mais) sempre em um timing que impressiona. Aliás, essa é uma das assinaturas de Tarantino, que sempre diz que criar um filme, pelo menos para ele, é estar envolvido em absolutamente todas as etapas do processo: da criação do roteiro até os estágios de pós-produção da película. Isso leva tempo, como ele constantemente frisa, e impede que um diretor trabalhe com um grande número de filmes em um curto espaço de tempo, mas é certamente a forma ideal de se deixar um legado cinematográfico que supere o desafio do tempo e torne-se imortal (ou pelo menos beire isso).

Se o enredo e clima de Pulp Fiction são muito bem polidos, a mesma coisa pode ser dita da atuação do elenco central do longa. Ressuscitando John Travolta e trazendo Samuel L. Jackson em uma de suas atuações mais memoráveis (se não a mais), o filme ainda conta com uma icônica performance de Uma Thurman (ainda que seu tempo de cena não seja grande), e uma bela performance de um dos astros mais bem pagos da época, Bruce Willis. A presença do ator, a propósito, também foi algo de debate quando o filme foi lançado, já que raramente um artista de filmes tão populares e tão bem-pago era visto em produções independentes.

No geral, então, pode-se dizer que Pulp Fiction é um filme completo. Banal, surpreendente, grotesco e engraçado, por mais paradoxal que pareça, o longa é uma pedida obrigatória aos amantes da sétima arte. Isso não significa, porém, que é um filme que agrade a todos, em especial fãs hardcore do selo de qualidade Michael Bay ou estouros de bilheteria como Crepúsculo, Atividade Paranormal ou 90% dos filmes de super-heróis no mercado. Pulp Fiction é bruto, e não tenta ser mais do que realmente é, motivo talvez pelo qual seu sucesso tenha sido tão aclamado. Afinal de contas, quando se cria uma ficção, seja ela cinematográfica ou literária, quebrar uma promessa estabelecida silenciosamente com o espectador ou leitor da obra é um ato imperdoável. Pulp Fiction, felizmente, não o faz.

‘Nuff said, now. Deixem seus comentários sobre o filme e até a próxima!

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In a nutshell:

- Pulp Fiction - Tempos de Violência –
Thumbs Up: enredo afiado e diálogos agressivamente banais que brincam com a expectativa do espectador ao prepará-lo para eventos importantes; alto nível de criatividade e originalidade, formando um padrão seguido por alguns cineastas até hoje; sequências de filmagens simplesmente memoráveis em sua naturalidade; personagens divertidos e complexos na medida exata; enredo não-linear de fácil assimilação;
Thumbs Down: ------

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gotham Central Book Four: Corrigan


Autores: Ed Brubaker e Greck Rucka
Artistas: Steve Lieber e Kano

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Yo! How's it going?


Para aqueles que ainda não conhecem a série Gotham Central, escrita por dois dos melhores escritores de histórias policiais em quadrinhos da atualidade (Ed Brubaker e Greg Rucka), aqui vai uma palinha: enquanto as revistas mensais de Batman e seus derivados se preocupam com os conflitos do herói e todo seu legado, Gotham Central é uma minissérie focada no departamento de polícia de Gotham, o GCPD, e como seus membros reagem ao pandemônio e caos de uma cidade que abriga loucos como o Coringa e um vigilante mascarado vestido de morcego.

Com um olhar realista e conflitos assustadoramente palpáveis, o olhar oferecido por Gotham Central sobre a força policial da cidade é humano e honesto, revelando falhas no caráter de cada um de seus membros e suas visões sobre a loucura que os ronda – além, é claro, da absurda humilhação que é para eles ter que ver Batman tomar para si a responsabilidade que lhes é incumbida inúmeras vezes.

Infelizmente, começo a falar de Gotham Central aqui no blog em seu quarto e último volume encadernado, intitulado Corrigan, cuja leitura encerrei há apenas alguns dias. Minha falha memória me impede de descrever minunciosamente os outros volumes da série aqui e agora, depois de tê-los lido há tantos meses, mas espero que isso não seja um problema. Infelizmente também, a minissérie teve vendas ruins no mercado norte-americano, apesar de ótimas críticas e até indicações aos prêmios Eisner e Harvey, o que implica que dificilmente veremos outra coisa do gênero tão cedo.

Agora ‘Nuff said. Hora de informação.

Plano de fundo: Gotham Central Book Four: Corrigan contém 4 histórias, duas das quais são divididas em arcos de 3 capítulos: o one-shot Nature, o arco Dead Robin, o one-shot Sunday Bloody Sunday e o arco Corrigan II.

Assim como diversas histórias dos outros volumes de Gotham Central, Nature e Sunday Bloody Sunday trazem breves enredos sobre a presença extraordinária de figuras sobrenaturais e seu impacto sobre a força policial real. Em Nature, por exemplo, somos introduzidos a policiais corruptos que abusam de sua autoridade e, após matar uma menina de rua inocente, continuam sua rotina de suborno e violência, alheios ao castigo fantástico que os reserva. Em Sunday Bloody Sunday, por outro lado, vemos o olhar dos policiais do GCPD sobre alguns dos eventos semi-apocalípticos da Crise Infinita. Aqui, uma manifestação dos 7 pecados capitais é liberada em uma Gotham envolta em caos, encontrando hospedeiros em todos os seus cantos, para o completo desespero da central. A presença do Capitão Marvel é uma boa adição à história, cujo enredo é o primeiro e único a abordar o lado completamente fantasioso da linha DC dentro de Gotham Central, além do amplo sentimento de impotência que policiais normais têm diante de eventos de tamanho porte.

No arco Dead Robin, a M.C.U. (Major Crimes Units) encontra um grande problema ao descobrir o cadáver de um adolescente vestido de menino prodígio. Sem saber se aquele é de fato o verdadeiro Robin, as investigações tem início prontamente. Somos guiados então por diferentes ângulos: o de Crispus Allen e sua parceira lésbica Renee Montoya (personagem que mais se aproxima de um protagonista da série); o do detetive Marcus Driver e sua parceira Josie MacDonald; e o da detetive Romy Chandler. Durante as buscas, o grupo conta com a “ajuda” de Batman, que vê circunstâncias mais do que óbvias para se envolver no caso. Cabe à M.C.U. então conciliar suas investigações com o duro trabalho de manter a imprensa fora do caminho, tarefa que consome a capitã Sawyer à exaustão. A breve participação dos Jovens Titãs é uma boa presença no enredo, cujas reviravoltas podem não ser tão surpreendentes, mas valem a pena.

Por fim, no arco Corrigan II, temos o término (ou quase isso) de toda uma subtrama envolvendo Jim Corrigan, investigador de cenas de crime cuja infame reputação de corrupto e traficante corre solta na M.C.U. Visando sua captura, o detetive Crispus Allen começa uma investigação sozinho sobre Corrigan, tentando encontrar a maneira perfeita de enquadrá-lo de vez (sua parceira, Renee Montoya, nada pode fazer, uma vez que agredira Corrigan atrás de evidências para inocentar o mesmo Crispus Allen de uma acusação de homicídio em outro volume de Gotham Central). As investigações, no entanto, tomam um rumo inesperado quando Allen percebe a grande trama ao redor de Corrigan, e agora não só Montoya como toda a M.C.U. querem a cabeça do investigador.

Papum: Nature e Sunday Bloody Sunday fogem um pouco ao padrão sólido estabelecido em Gotham Central. Ambas escritas somente por Greg Rucka, cujo único trabalho que tive a oportunidade de ler é justamente outra série do Batman, No Man’s Land, as histórias não são exatamente cânones no mainstream de Central, e pouco adicionam à coletânea; Sunday Bloody Sunday talvez seja mais relevante, com uma mudança brusca de ritmo e a inserção de fantasia em um contexto prévia e realisticamente estabelecido. Não há espaço para um grande desenvolvimento de personagens em Nature, enquanto Sunday Bloody Sunday aproveita a familiaridade adquirida pelo leitor dos detetives Allen e Montoya para poder, sob olhares já conhecidos, planar sobre a teia de acontecimentos da Crise Infinita com olhos normais.

Dead Robin já é um tanto diferente. Abordada desde o primeiro volume de Gotham Central, a comunicação entre os departamentos do GCPD ganha destaque aqui, assim como a sombra de Batman nos assuntos mais importantes dentro da central. A presença de Ed Brubaker ao lado de Greg Rucka faz diferença, dando mais vivacidade aos diálogos e uma pitada a mais de violência no clima noir com o qual Greg Rucka trabalha. Sou fã de Brubaker há um certo tempo, vendo Sleeper e Criminal como dois de seus trabalhos de maior destaque (além, é claro, dos trabalhos do autor com o Capitão América). Se o desfecho final é um pouco previsível, conflitos pessoais ganham força no arco, principalmente a tensão de Romy Chandler e a decadência de Renee Montoya, que tem seu ápice em Corrigan II e vai além de Gotham Central, tornando-a uma figura sólida no universo DC.

Falando em Corrigan II, o arco final de Gotham Central é certamente o que faz da coletânea algo realmente especial. Para fechar a série bem, Rucka (sem Brubaker novamente) distancia-se de todo e qualquer elemento fantasioso aqui e aborda apenas conflitos internos da M.C.U. Apoiando-se em duros tempos de brutalidade e perda, Corrigan II tem o clima mais real que podíamos esperar de uma história de Gotham Central: todos temos nosso ponto de ruptura e “felizes para sempre” não é um conceito exatamente sóbrio. A ausência de Batman ou qualquer outro elemento icônico no enredo nos dá um olhar peculiarmente humano à situação toda, encerrando Gotham Central em uma nota dramática mais do que apropriada.

***

In a nutshell:

- Gotham Central Book Four: Corrigan –
Thumbs Up: clímax e desfecho da série mais do que apropriados; diálogos reais e arte expressiva; Easter Eggs como a presença dos Jovens Titãs e o Capitão Marvel; término de uma construção de Gotham talvez ainda mais real do que a realizada nos filmes de Christopher Nolan; potentes sequências "mudas" em preto e branco; ótimo uso de simultaneidade na narrativa;
Thumbs Down: falta de resolução para alguns personagens (em especial o detetive Marcus Driver, que justamente deu início à série); falta de divulgação da série por parte da DC; saída de Brubaker após o arco Dead Robin;

domingo, 15 de julho de 2012

Abertura

Yo! How's it going?


Estou há um certo tempo tentando decidir qual é a melhor maneira de abrir este blog, sabem. Quanto mais penso, contudo, menos escrevo, então vamos ao que interessa sem maiores rodeios: bem-vindos ao portal Streampunk!


São tempos virtuais diferentes estes em que vivemos. Avatares constroem pessoas, vozes escritas são mais fortes que vozes faladas; a necessidade de compartilhamento de ideias e divulgação contínua do próprio trabalho são mais do que presentes, e Streampunk surge exatamente desse ponto. Aqui, meu intuito é reunir opiniões, ideias e críticas sobre cinema, literatura e quadrinhos de um jeito descontraído e pessoal, sem avaliações com notas ou análises pseudo-freudianas de conflitos. Um ponto de encontro ou uma sacola de referências descrevem melhor este blog, e convido os interessados a participarem como quiserem.


'Nuff said, now. Espero que gostem de Streampunk e voltem mais vezes!