quarta-feira, 21 de novembro de 2012

The Unwritten Vol. 4 - Leviathan

Autor: Mike Carey
Artista: Peter Gross

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Yo! How's it going?

Hora de mais um pouco sobre a série "The Unwritten" aqui no blog. Realizada a releitura do quarto arco da série, deixo aqui mais uma leva de impressões sobre aquele que considero o melhor título em quadrinhos publicado na atualidade, razão pela qual resolvi reler os cinco arcos lançados anteriormente só para poder abordá-los aqui antes de seguir com o recém-lançado (e já adquirido) sexto volume encadernado da série. Quem quiser se inteirar melhor sobre as aventuras de Tom Taylor pode acessar meu texto sobre o primeiro arco da coleção, "Tommy Taylor and the Bogus Identity", para ter uma boa ideia do que está em jogo nessas aventuras tão deliciosamente fantasiosas.

Plano de fundo: Através das instruções pouco diretas dadas por Wilson Taylor antes que sua tragédia fosse consumada, Tom, Richie e Lizzie seguem em busca do elemento descrito pelo autor como a "fonte" dos poderes de Tom, representada na forma de uma baleia. A viagem não demora a levar Tom ao incrível mundo do cetáceo mais conhecido da história: ao lado do capitão Ahab, Tom está diante de Moby Dick, e seu tempo dentro da história é essencial para que ele possa entender a verdadeira origem de suas habilidades. Paralelamente, Richie e Lizzie sofrem nas mãos da mais recente aliada da Cabala, uma velha de poderes estranhos que não irá parar até saciar suas dúvidas e saber ao certo qual é o lado mais vantajoso para ela na guerra de palavras que está para explodir.

Papum: Talvez o mais alegórico e subjetivo arco de "The Unwritten" até aqui, "Leviathan" é certamente um trabalho criativo repleto de referências inteligentes, sensibilidade narrativa e muita competência de sua equipe de criação em todo o seu desenvolvimento e inserção no contexto da já consagrada série. Mesclando novamente planos no mundo real e quadros dentro de outros livros, assim como visto em "Dead Man's Knock", Carey e Gross continuam a jornada de Tom Taylor de modo frequentemente inventivo e agora muito literário, realizando uma verdadeira viagem no plano da ficção e metalinguagem que continua a fascinar e prender o leitor com astúcia ímpar.

Seguindo as pontas deixadas por seu arco antecessor, "Leviathan" leva Tom Taylor em busca da origem de seus poderes como forma de compreensão do que realmente está em suas mãos e o que ele de fato pode realizar na batalha contra a Cabala que o persegue. Carey é muito feliz aqui ao não só inserir Tom ao mundo de Moby Dick como abordá-lo de modo extremamente fiel ao trabalho de Herman Melville, ideias que certamente foram difíceis de serem executadas. Ao invés de mexer com as personagens do modo que bem entende, assim como Alan Moore utiliza-se de personagens consagrados em "A Liga Extraordinária", Carey é fiel ao linguajar, trejeitos e costumes das obras que usa como base para poder realmente envolver tais livros de modo efetivo e sólido. Os quadros de Gross dentro do mundo de Moby Dick são igualmente competentes e dão a noção de época que a trama precisa, afunilando o enredo até o ponto crucial de "Leviathan" que tem revelações cataclísmicas e amplamente apropriadas à série: vindo do nome bíblico Leviatã, o monstro marítimo fora tido desde o começo por Tom como uma baleia. Contudo, Leviatã é algo maior que isso, como escrevera Thomas Hobbes em seu livro homônimo, e Tom só consegue entender o que o move ao ver por si mesmo o que forma a massa que leva o nome de Leviatã, fazendo assim uma interpretação muito interessante do trabalho de Hobbes em prol de uma revelação que redefine a personagem e a prepara para os desafios que estão por vir. A jornada é sublime e seu clímax poignant, digno dos melhores trabalhos já realizados na mídia dos quadrinhos até hoje.

Como de costume em todos os arcos de "The Unwritten", "Leviathan" também termina com um curta no mundo da ficção que nos traz de volta o coelho Pauly e sua tentativa de sair do lugar onde fora aprisionado, assim como pudemos ver ao término do arco "Inside Man". Há violência e temas adultos fantasiados de fábulas infantis, e a jornada de Pauly ganha uma interessante perspectiva ao sermos posicionados frente à guerra que o insano coelho pretende travar ao lado de seus estúpidos e inocente companheiros. O resultado destoa um pouco do volume inteiro, mas como fica claro aqui que Carey e Gross têm sim planos futuros para Pauly dentro do enredo central de "The Unwritten", não cabe julgamento algum do curta sem termos acesso ao grande tear que os britânicos têm traçado à personagem desde o início da série - e tudo indica que essa mistura será realizada muito em breve. Resta então torcermos para Carey manter seu jogo no nível em que já se estabeleceu para mais uma vez nos surpreender, cativar e divertir com a ótima trama e materiais que têm em mãos, todos muito bem cuidados até agora.

Agora 'nuff said. Sigam o blog e até a próxima!

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In a nutshell:

- The Unwritten Vol. 4 - Leviathan -
Thumbs Up: metalinguagem inteligente e bem utilizada por Carey; arte continuamente crescente de Peter Gross; cenários e ambientações muito bem detalhados; desenvolvimento de personagens efetivo; clímax mais do que apropriado;
Thumbs Down: ----- 

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