sexta-feira, 23 de novembro de 2012

007: Operação Skyfall

Direção: Sam Mendes
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade, John Logan
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Ralph Fiennes, Javier Bardem, Naomie Harris


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Yo! How's it going?

Em minha postagem de hoje, trato do vigésimo terceiro filme da mais longa franquia cinematográfica na história do cinema - 007: Operação Skyfall, que celebra com grande estilo o quinquagésimo aniversário das adaptações da personagem criada por Ian Fleming às telonas do mundo inteiro.

Plano de fundo: Dado como morto durante uma missão mal-sucedida na Turquia, o agente secreto britânico James Bond (Daniel Craig) vive um momento de incomum paz em seus dias outrora tão tumultuados. Quando um audacioso ataque terrorista atinge impiedosamente a sede da MI6, no entanto, Bond deve deixar seu ostracismo temporário para mais uma vez servir seu país, desta vez em uma batalha que já não tem mais bandeiras e o posiciona perante um inimigo invisível disposto a por em cheque toda a existência do serviço secreto e o anonimato de seus agentes, tornando-os presas fáceis aos grupos terroristas mais terríveis do mundo.

Papum: Quatro anos após o lançamento do questionável "Quantum of Solace", o retorno do agente 007 aos cinemas vem de forma sólida e bem construída em um filme que não tem só como objetivo homenagear a franquia, mas sim estabelecer quais devem ser os próximos passos dado por ela em um mundo onde gostos cinematográficos e ambientações de conflito tem mudado drasticamente e com velocidade assustadora. Nesse sentido, pode soar redundante falar que "Operação Skyfall" é o filme mais moderno de James Bond, mas a verdade é puramente essa, tanto em uma análise de seu enredo quanto de seu espírito principal.


Sem apresentar conexões diretas com os outros dois longas estrelados por Daniel Craig, "Operação Skyfall" ao menos abre em estilo parecido com os últimos filmes da franquia: uma fantástica cena de perseguição que culmina em um abertura desta vez ainda mais subjetiva que suas antecessoras, mas de brilho ainda maior. Não só a canção composta por Adele casa com o tema do filme como a sequência de imagens e animações escolhidas por Mendes dão um tom surreal bonito e vibrante para o início da película, fazendo a apresentação de rostos, cenários e até pormenores do enredo de modo inventivo e artístico. A partir dela, então, o público deixa de lado a sequência alucinante vista minutos antes para aceitar de bom coração o desenvolvimento progressivo do enredo que começa a ser traçado, estratégia muito inteligente de Mendes na construção e coesão de seu filme.

Detalhar a trama é algo injusto com os futuros espectadores do longa, então prefiro me ater aos elementos mais relevantes da película como um todo do que discorrer sobre seus plot twists. Having said that, a questão mais louvável durante "Operação Skyfall" é o jeito como sua equipe desenha uma narrativa que não é só nova, mas que reflete o período de transição inevitável que a série parece atingir. Como a própria personagem M (Judi Dench) aborda no filme, o mundo não vive mais um momento onde guerras carregam bandeiras, mas sim um tempo onde são as ameaças fantasmas que realmente importam. Tal argumento é amplamente debatido pela primeira-ministra da Inglaterra, que não vê mais uso de um serviço secreto como o comandado por M em face de tal inimigo, mas é justamente nisso que M se apoia: para derrotar um inimigo invisível, um serviço invisível se faz necessário, mantendo a importância do programa de agentes 00 inabalável. Pois bem, tal linguagem é uma clara referência ao novo cenário onde os mais recentes conflitos internacionais estão envolvidos, ambiente esse que contrasta muito com o velho espírito dos filmes de 007 e os torna quase obsoletos. Assim sendo, a reformulação vem de forma muito bem estruturada através de um vilão de motivações coerentes e background interessante inserido de forma eficaz à trama em um excelente trabalho do talentoso ator Javier Bardem. Aliás, é realmente incrível a interação do ator com Daniel Craig em seus diálogos, e igualmente interessante é a entrada grandiosa do vilão, realizada em uma tomada só nas mãos de Mendes.

Movendo-se no plano de fundo ainda temos divertidas referências aos filmes mais velhos da franquia através de carros, piadas com gadgets ultrapassados e ambientações que devem agradar os fãs de longa data e divertir o público mais moderno. Além de apresentar personagens já consagradas na franquia como Q e Moneypenny, o filme resgata conceitos antigos e os reconstrói como se os estivéssemos vendo pela primeira vez, ar inegável de que o rumo que a franquia tomará de agora em diante foi sim bem pensado e previamente estabelecido. Resta a nós, então, esperar o próximo filme de James Bond para saber se a coesa reestruturação feita com tanto cuidado foi realmente compreendida ou serviu apenas como fechamento de uma trilogia onde 007 é um agente que poderia muito bem existir no meio de nós.

Agora 'nuff said. Para as fãs da série James Bond que gostam de incorporar looks baseados em filmes em seu cotidiano, o divertido e sempre criativo blog Zestfest tem ótimas sugestões para uma uma representação digna de verdadeiras Bond girls! Vale a pena conferir!


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In a nutshell:

- 007: Operação Skyfall -
Thumbs Up: revitalização muito eficiente da série; ótima motivação por trás de um vilão realmente interessante nas mãos de Javier Bardem; enredo sólido e redondo; progressão narrativa sensata; abertura visualmente fascinante;
Thumbs Down: interação entre Bardem e Craig não tem um bis; personagem de Bérénice Marlohe parece um tanto perdida no enredo;   

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